É possível colocar comida na nossa mesa com qualidade e sem veneno
Responsáveis pela produção de 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros e representando 77% dos empregos no campo, e é a oitava maior produtora de alimentos do mundo, com desdobramentos nas dimensões sociais, econômicas, da saúde e do meio ambiente. Este cenário demonstra a importância da Agricultura Familiar brasileira.
Um método de cultivo agrícola que vem sendo utilizado na agricultura familiar no Brasil há alguns anos que vem demonstrando bons resultados na produção de alimentos saudáveis e a Agricultura Natural, promovendo benefícios para a preservação do meio ambiente, mantendo sua biodiversidade, não poluindo os lenções freático e rios, além de não promover o esgotamento do solo, entre outros.
Agricultura familiar e nossa saúde
Segundo Anderson Lima, professor mestre em Meio Ambiente e desenvolvimento regional, em relação à alimentação humana temos dois cenários: o primeiro são os alimentos cultivados de forma convencional, de modo geral utiliza adubos sintéticos, fertilizantes e defensivos químicos, o que, de acordo com os resultados de várias pesquisas divulgadas por meio de artigos científicos nacionais e internacionalmente, demonstram sua nocividade ao organismo humano, trazendo impactos negativos, como exemplo tumores e outros efeitos maléficos ao organismo humano.
O outro cenário são os cultivos considerados saudáveis, que impactam de forma positiva a saúde humana. Entre as linhas desses cultivos temos dois modelos: a agricultura orgânica, que se desenvolve como uma agricultura de substituição, não se utilizando de agroquímicos. Em seu lugar são utilizados compostos à base de estrume animal, bioinseticidas, conhecidos como produtos biológicos à base de microrganismos que controlam pragas e doenças e não abrange o aspecto social, e sim o econômico. O outro modelo é a Agricultura Natural, preconizada por Mokiti Okada, pesquisador, filósofo e religioso. A agricultura natural é um método agrícola que tem como princípio, deixar o solo manifestar sua força. Neste método, o agricultor se utiliza como apoio nos cultivos e recursos que tem em seu organismo agrícola, o material vegetal como capins, folhas e sobras de vegetais após colheita.
Os alimentos advindos dessa linha de cultivo têm potencializado a sua energia vital, vindo a incrementar de forma positiva a saúde humana. Tem como sua maior incentivadora para seu desenvolvimento, a Igreja Messiânica Mundial do Brasil, tendo-a como importante coluna colaborativa à agricultura familiar e à promoção e manutenção saudável da saúde humana.
Para a nutricionista Karen Longo, quando buscamos alimentos para melhorar nossa saúde selecionamos aqueles que sabemos ter a maior concentração de nutrientes específicos, que podem ter efeitos variados como: potencial antioxidante, detoxificante, moduladores do sistema imunológico, fatores anti-inflamatórios, entre tantos benefícios que a ciência já comprovou ser proporcionado pelo consumo de nutrientes adequados.
Porém, tem sido demonstrado ao longo dos anos que a manipulação do plantio com insumos químicos que garantem maior produção e possibilidade de colheita, tem feito com que os alimentos se tornem cada vez mais pobres em nutrientes. Isso é decorrente do desgaste e agressão ao solo, além do excesso de proteção e aceleramento ao desenvolvimento do alimento cultivado.
Voltar o consumo para alimentos cultivados em menor escala, com respeito às leis da natureza, como o que pode ser realizado pela agricultura familiar, garante o fortalecimento do solo e consequentemente maior potencial nutritivo do alimento cultivado.
Mudança nos hábitos
As pessoas estão mudando seus hábitos alimentares por meio do acesso à informação que as tem levado a uma maior consciência do “que e qual” a qualidade, a composição dos alimentos com os quais se alimentam no seu dia a dia e os impactos na sua saúde. Esta nova consciência tem impactado de forma positiva a Agricultura Familiar e os agricultores que se utilizam de metodologias de cultivos mais saudáveis sem a utilização de agroquímicos. Mas, precisamos ainda avançar no aumento de pessoas que passem a privilegiar uma alimentação saudável adquirindo de forma mais direta dos organismos agrícolas.
Comunidade que Sustenta a Agricultura - CSA
(Community Supported Agriculture - CSA) é uma prática de sucesso para o desenvolvimento agrário sustentável e distribuição de alimentos saudáveis e seguros diretamente ao consumidor. É um movimento internacional que nasceu na década de 1970 no Japão e, concomitantemente, na Alemanha na década de 1960, onde foi integrado à Lei social de Rudolf Steiner.
Por mais que ocorreram em tempos muito próximos, o movimento da Alemanha não teve associação com o movimento Teikei do japão.
Nesse modelo econômico, produtores e consumidores possuem uma relação direta, sem intermediários. Um grupo fixo de consumidores se compromete a cobrir o orçamento anual da produção agrícola. Desta forma, o produtor pode se dedicar de forma livre à sua produção sem as pressões do mercado e os consumidores recebem os alimentos de qualidade, com a segurança de sua procedência e preços justos. Ambos dividem os ônus e bônus da agricultura, por essa razão os consumidores são considerados Coagricultores.
A CSA São José foi fundada em janeiro de 2018 pela nutricionista Karen Longo, com o apoio do agricultor Aparecido Nunes que trabalha com agricultura natural há mais de 25 anos.
Um diferencial do CSA São José é que nós seguimos a filosofia da agricultura natural, ou seja, todos os alimentos são cultivados sem a utilização de nenhum insumo de origem animal ou química e com respeito integral à natureza e seus ciclos.
Para a nutricionista e apoiadora da agricultura natural, Renata Pinotti Alves, a base teórica da agricultura natural privilegia a saúde humana e coloca o meio ambiente como parte integrante dos processos produtivos, valorizando a importância de se compreender e aplicar os processos que acontecem nos ecossistemas nativos como um ponto de partida para que a produção agrícola alcance a necessária produtividade, resiliência e qualidade diferenciada.
Um dos maiores ensinamentos da agricultura natural e da CSA é receber da terra o que ela tem a nos oferecer e não o que queremos que ela nos dê. Isso nos ensina a nos abrir para o novo e receber o que vem como um presente da natureza para nós.
Ao invés de fazer a lista de compras baseada no que iremos preparar, primeiro recebemos os alimentos e depois fazemos a lista das preparações que iremos cozinhar.
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