Cuidado com a sobrecarga que é colocada no irmão mais velho
Alfred Adler propôs que a posição de ordem na qual uma criança nasce, afeta significativamente sua personalidade e seus resultados de vida. Segundo ele, a ordem de nascimento e o número de irmãos que você tem afetam significativamente seu potencial e personalidade. E que a “ordem psicológica de nascimento” – ou sua posição percebida dentro de sua família – é mais crucial do que a ordem numérica de nascimento, que às vezes pode ser diferente. Por exemplo, alguém pode ser um filho do meio, mas assumir as responsabilidades do filho mais velho se este for incapacitado.
A expressão “Criei meus filhos igualmente” não é verdade. Cada criança tem necessidades diferentes. É preciso ajudá-los a crescer cada um à sua maneira.
Os pais dizem que tratam todos os filhos igualmente. Os filhos enxergam isso por outra perspectiva e, quase sempre, falam de diferenças de tratamento em relação aos seus irmãos.
No delicado equilíbrio da dinâmica familiar, é fundamental que os pais assumam a responsabilidade de distribuir tarefas de maneira equitativa entre os filhos. Este princípio ganha ainda mais destaque quando se trata da relação entre irmãos mais velhos e mais novos. Ao evitar a sobrecarga de responsabilidades sobre os ombros dos mais velhos, os pais desempenham um papel crucial no desenvolvimento saudável de cada criança.
Isso permite que cada filho desenvolva sua identidade, habilidades e autonomia, sem sentir um fardo injusto. Além disso, promove um ambiente familiar mais equilibrado e saudável.
A personalidade do primogênito
Segundo a Psicóloga Aline Cárceres de Oliveira Chiachio os primogênitos se beneficiam da atenção extra dada a eles antes do nascimento de seus irmãos mais novos. Mas sua posição de poder é tirada quando a próxima criança nasce. “Os irmãos mais velhos têm grandes expectativas depositadas sobre eles, pois se espera que sejam um bom exemplo para seus irmãos.
Quando o primogênito nasce, os pais estão aprendendo a serem pais, e querem fazer tudo diferente, geralmente projetam fazer para esse filho o que não fizeram por eles, e muitas vezes acabam tornando-o muito responsável, até mesmo, mais do que deveria. Acaba sendo considerado por seus pais, auto disciplinado, organizado, prudente, mais bem sucedido, e tendo condutas que agradam os pais. Se o pai é advogado, por exemplo, é fácil que o primogênito também seja ou deva ser pressionado que herde a profissão”.
A chegada dos irmãos gera uma concorrência, ou seja, os bebês precisam de mais tempo e recursos.
“Assumir alguma responsabilidade não fará mal ao filho mais velho. Mas existe uma grande diferença entre fazê-lo ficar de olho no bebê enquanto você prepara o jantar e fazê-lo cuidar de seus irmãos por horas, sem sua supervisão.
Se seu filho concordar com isso, não há problema. Mas, com frequência, os filhos mais velhos não têm outra opção senão crescer para “estar no comando”. Consequentemente, essa tarefa se torna um fardo indesejado para o primogênito. Sempre deve haver um limite. Seu filho não deve estar ajudando tanto que acabe agindo como pai ou mãe.
Por mais maduros que os filhos (crianças) mais velhos possam ser, não estão prontos para assumir tantas responsabilidades, eles não são capazes de lidar com algumas situações e, se ocorrer um acidente. Eles não conseguiriam lidar com a culpa”.
A ajuda do primogênito pode ser inevitável, mas é imprescindível garantir que as tarefas que os mais velhos façam sejam escolhidas de acordo com a faixa etária dele. Ele pode ajudar em casa, ler para os irmãos antes de dormir, brincar por algumas horas ou outras coisas que seja leve e até mesmo prazeroso. “Forçar o filho mais velho a cuidar dos seus irmãos regularmente pode causar ressentimento. Podem desenvolver sentimentos negativos em relação a seus irmãos pequenos.
Quando são deixados sozinhos com seus irmãos, acabam tendo de desempenhar um papel autoritário, que os menores nem sempre aceitam e respeitam, podendo causar problemas entre os irmãos, levando a brigas e discussões e fazendo algumas coisas refletirem no seu futuro. Esse não é o trabalho deles!
O olhar da Constelação familiar
Quando se trata da relação entre irmãos, a constelação familiar pode revelar padrões de lealdade, rivalidade, competição, desequilíbrio de poder, injustiças e outras dinâmicas nessa união de vínculo sanguíneo.
Segundo a terapeuta e mentora sistêmica, Adriana Lemes, é importante reconhecer que o peso do papel do irmão mais velho pode ser tanto positivo quanto desafiador. Em casos extremos, o peso do papel do irmão mais velho pode levar a sentimentos de sobrecarga, estresse ou ressentimento. “A consciência desses desafios é crucial para que as famílias possam abordar as dinâmicas de maneira saudável e equilibrada. Ter um diálogo aberto e apoio emocional pode ser fundamental para lidar com qualquer carga associada ao papel do irmão mais velho.
Muitas vezes, espera-se que o irmão mais velho assuma um papel de responsabilidade e liderança dentro da família. Isso pode incluir cuidar dos irmãos mais novos, servindo como exemplo e desempenhando um papel protetor.
Os pais podem ter expectativas em relação ao irmão mais velho, muitas vezes esperando que ele seja um modelo para os irmãos e ajude na criação e orientação. O irmão mais velho pode sentir pressão para ser bem-sucedido e estabelecer um padrão para os irmãos mais novos, enquanto os mais novos podem sentir o peso da comparação.
A constelação busca criar um espaço para a inclusão, reconhecimento de cada membro e identificação dos papéis que cada um exerce na família. Ajuda os pais a tomarem consciência e ocuparem seus lugares, assumirem suas responsabilidades, assim aliviando a carga do irmão mais velho”.
Aline Cárceres de Oliveira Chiachio
Psicóloga - CRP 06/90422
Especialista em Psicopedagogia
Profa. Inteligência Emocional
(17) 99206-4341
Adriana Lemes
Terapeuta e Mentora Sistêmica
(17) 99268-2259
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