Informações essenciais para prevenção e cuidados durante a epidemia

A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e, atualmente, representa uma preocupação crescente para a saúde pública. Com o aumento expressivo de casos, é fundamental que a população esteja bem informada sobre os cuidados, sintomas e medidas preventivas para evitar complicações.
Os tipos de vírus da dengue e a imunidade
O vírus da dengue possui cinco subtipos no mundo, e no Brasil circulam quatro deles (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Embora os sintomas sejam semelhantes entre os subtipos, a intensidade pode variar. É importante ressaltar que, ao contrair um dos tipos, a pessoa se torna imune a ele, mas continua suscetível aos demais. Isso significa que um indivíduo pode ter dengue até quatro vezes na vida, com risco crescente de formas mais graves da doença a cada nova infecção.
Sintomas e diagnóstico
Nos primeiros dias, os sintomas da dengue são inespecíficos e podem se confundir com outras viroses, tornando o diagnóstico precoce um desafio. O ciclo da doença pode ser dividido da seguinte forma:
• 1º ao 4º dia: febre alta, dores musculares intensas, fraqueza, diarreia e dor de cabeça (especialmente atrás dos olhos).
• 5º ao 8º dia: náuseas, vômitos, dores abdominais, manchas vermelhas na pele com coceira e pequenos sangramentos (nariz e gengivas).
Nos primeiros três dias, diferenciar a dengue de outras infecções virais é difícil, por isso, a observação dos sintomas e a procura por assistência médica são essenciais.
Quando procurar atendimento médico
É fundamental buscar atendimento médico caso os sintomas se intensifiquem, especialmente em casos de:
• Dor abdominal persistente e intensa;
• Vômitos contínuos;
• Fraqueza extrema e desidratação;
• Dificuldade para se alimentar.
Além disso, alguns sinais indicam que a dengue pode estar evoluindo para um quadro mais grave, como a dengue hemorrágica, exigindo atenção imediata. Entre esses sinais de alerta estão:
• Inchaço no corpo;
• Sangramentos persistentes em fezes, urina ou vômitos;
• Confusão mental.
Grupos de risco e tratamento
Pessoas com doenças crônicas (cardíacas, pulmonares, hepáticas, distúrbios da coagulação e imunossupressão) têm maior risco de desenvolver complicações e devem ter atenção redobrada.
O tratamento da dengue é baseado na hidratação intensiva — recomenda-se a ingestão de pelo menos três litros de líquidos por dia nos primeiros quatro dias. Os sintomas podem ser aliviados com medicamentos específicos para dores, náuseas e coceira. No entanto, anti-inflamatórios e anticoagulantes devem ser evitados, pois podem aumentar o risco de sangramentos.
Prevenção: A melhor estratégia
A forma mais eficaz de evitar a dengue é combater o mosquito transmissor. Isso inclui eliminar criadouros de água parada, usar telas em janelas, mosquiteiros, repelentes e manter o ambiente limpo. Além disso, a vacinação tem se mostrado uma importante ferramenta de prevenção.
A vacina Qdenga já está disponível no Brasil para pessoas de 4 a 60 anos. No entanto, é contraindicada para indivíduos imunossuprimidos. A expectativa para o futuro é que a vacinação em massa se torne a principal estratégia de controle da doença.
Mitos e verdades sobre a dengue
Um dos principais mitos sobre a dengue é o medo exagerado diante de pequenas quedas na contagem de plaquetas e pequenos sangramentos, como nariz e gengiva. Esse fenômeno é comum e geralmente se resolve espontaneamente, sem necessidade de transfusão de plaquetas, que só é indicada em situações específicas e raras.
Diante do cenário atual, a conscientização e o acesso à informação são fundamentais para minimizar os impactos da epidemia de dengue. A prevenção ainda é a melhor arma contra a doença, e cada ação individual contribui para proteger toda a comunidade.
Dr. Renato Ferneda de Souza – Médico Infectologista - CRM SP 131134 RQE Nº: 40658
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